domingo, 15 de novembro de 2009

O Pano da costa





Pano da costa

A ilustração de Debret acima, mostra diversas "baianas" numa rua do Rio de Janeiro do século XIX. Note a variedade de panos-da-costa.O pano da costa é parte integrante da indumentária de baiana característica das ruas de Salvador e do Rio de Janeiro no século XIX.
Usado sobre os ombros o pano-da-costa teria como principal função, de acordo com o pesquisador Lodi (2003), distinguir o posicionamento feminino nas comunidades afro-brasileiras.
Geralmente retangular, o pano-da-costa é tradicionalmente branco ou bicolor (listrado ou em madras) podendo ser bordado ou com aplicações em rendas.

Pano-da-Costa atravessou o Atlântico há mais de 400 anos

Um trançado que atravessou o Atlântico há mais de 400 anos. Mais que um tecido 100% artesanal, o Pano-da-Costa é um acessório sagrado nos rituais do Candomblé. No terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, a oficina pequena tece sonhos. Mantém a tradição do Pano-da-Costa que leva este nome porque vinha da costa da África. Na língua Iorubá, a peça é chamada Alaká e era usada pelas negras escravizadas no Brasil.
O traje, feito em um tear simples, está culturalmente ligado à religião do Candomblé. Pouca gente conhece a técnica artesanal para fazer o Pano-da-Costa. Um aprendizado que exige tempo. Além de atender aos adeptos do Candomblé, a casa de Alaká do terreiro expõe e vende seus Panos-da-Costa para os turistas que se encantam com o trabalho. Abdias foi um mestre na arte do Pano-da-Costa. Aprendeu a tecer com o padrinho, ainda menino, e na década de 70, quando a técnica quase caiu no esquecimento, ele chegou a ser o único artesão na Bahia a fazer as peças. Bezerra pesquisadora, conheceu mestre Abdias quando dava aulas de História da Arte na Escola de Belas Artes da UFBa . Gravou depoimentos que viraram livro. Alguns anos depois, a morte levou o mestre, mas ele conseguiu deixar seguidores, como o grupo do terreiro.
O nome pode ter derivado de sua origem (a Costa do Marfim, na África) ou do fato dele ser usado preferencialmente jogado sobre os ombros e costas.
As fantasias da ala de baianas das escolas de samba freqüentemente exibem panos-da-costa. Muitas vezes esses elementos são transfigurados para se adaptarem aos temas da roupa.
Na Bahia, a tecelagem artesanal ganhou importância em conseqüncia da utilização do pano-da-costa, de origem africana ou de rigor artesanal próximo ao africano, no vestuário das mulheres.
Atualmente, ele é um tecido ritual utilizados pelas mães-de-santo, equedes e filhas-de-santo, identificando o posicionamento e os tipos de festas nas comunidades religiosas dos terreiros afro-brasileiros, notadamente nos de candomblé. A padronagem segue o modelo de origem africana com pequenas modificaçes na forma como são armados ou diagramados as listas ou os quadrículos, bem como a combinaço de cores, cujo significado assume alta importância como
elemento simbólico que identifica o orixá a quem pertence o pano. O trabalho de tecer o pano-da-costa em Salvador, durante muitos anos, esteve a cargo do mestre Abdias, mantenedor deste saber artesanal. O pano-da-costa, de significado religioso e social, é peça fundamental na composição das roupas dos rituais de candomblé; envolve, assim úm importante segmento da população da Bahia: o povo de santo ou comunidades de terreiro. introduzido no Brasil pelos africanos, ficou conhecido como pano-da-costa porque vinha da Costa do Marfim. Os primeiros foram importadfos da África, onde são denominados Alaká ou Pano de Alaká. Mais tarde passaram a ser tecidos no Brasil por escravos ou por seus descendentes, cujo último artesão foi Abdias do Sacramento Nobre, mais conhecido como Mestre Abdias, falecido em 1994.

Referência:

LODY, Raul. Dicionário de arte sacra e técnicas afro-brasileiras. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

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