terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mitologia africana: Oxóssi, Osòsi ou Odé


Oxossi, Osòsi ou Odé. Orixá cultuado no candomble e Umbanda tido com um dos mais caçadores dos orixas.Oxossi é filho de Iemonjá com Orunmila. É a divinização da floresta, reinando sobre o verde, sobre os animais selvagens, dos quais é considerado o dono e dos quais tem todas as virtudes. Oxossi é sagaz como o leopardo, forte como o leão, leve como o pássaro, silencioso como o tigre, observador como a coruja. Sabe se esconder como um tatu, é vaidoso como um pavão, corre como os coelhos, sobe em árvores como macacos, conhece os animais profundamente e com eles partilha o conhecimento da natureza.Dizem os mitos que aprendeu a caçar com seu irmão Ogun, quando este lhe deu as pontas de flechas e, mais tarde, a espingarda. A essência de Oxossi é “atingir um objetivo”. Fixar o alvo e atingi-lo. Alimentar a família. Oxossi sempre foi o responsável por alimentar a família. É considerado o orixá que dá de comer às pessoas, pois sob seus domínios estão os animais e os vegetais. Assim, invoca-se a energia de Oxossi quando se quer encontrar algo ou atingir algum objetivo e para prover sustento (moral ou físico) durante as jornadas.Invoca-se Oxossi, o patrono da natureza, quando se quer encontrar remédios para certos males, embora seja necessário pedir para Ossain que o remédio faça efeito. Ogum assim o fez, mas como Oxossi relutasse em voltar ao lar, e ao voltar desfeiteasse sua mãe, esta o proibiu de viver dentro da casa, deixando-o ao relento. Como havia prometido ao irmão ser sempre seu companheiro, Ogum foi viver também do lado de fora da casa.Oxossi tornou-se o melhor dos caçadores e diz o mito que foi ele quem livrou Araketu, sua cidade, de um grande feitiço das perigosíssimas ajés (feiticeiras africanas) Iyami Osorongá, que se transformam em pássaros e atacam as pessoas e cidades com doença e miséria.Tendo uma das feiticeiras pousado sobre o palácio do rei do Ketu e os demais caçadores do reino perdido todas as suas flechas tentando mata-la, Oxossi, com apenas uma, deu cabo do perigoso pássaro, tendo sido conclamado o rei do Ketu. Pede-se a Oxossi, portanto que destrua feitiços ou energias maléficas.Um dia, enquanto caçava elefantes para retirar-lhe as presas, Oxossi encontrou e apaixonou-se por Osun, a deusa das águas doces e do ouro que repousa em seus leitos, e com ela teve um filho, Logun-Edé. Filho da floresta com as águas dos rios, Logun-Edé é considerado o orixá da riqueza e da fartura, que ambos os domínios apresentam e dos quais compartilha.
Dia da semana: terça-feira
Cores: azul e verde (azul pela relação com o ar – no lançamento das flechas – e verde pelas matas).
Símbolo: Ofá (arco e flecha)
Elemento: ar e terra
Número: 3
Comida: milho e coco
Saudação: Okê Aro, Oxossi!
Folhas: espinho cheiroso, alecrin, folha da jaqueira
Odu regente: obará

Mitologia africana: Ogum ou Ogun



O orixá Ogun ou Ogum é um dos mais amados na cultura Yorubá. Além de ter sido o primeiro ferreiro, foi ele quem descobriu a fundição e inventou todas as ferramentas que existem. É o patrono da tecnologia e da própria cultura, pois sem as ferramentas nada mais poderia ser inventado. Até mesmo plantar, em grandes extensões, seria extremamente difícil. Tendo inventado as ferramentas, com a foice ele abriu os primeiros caminhos para o resto do mundo, o que dá a ele o poder de abri-los ou fechá-los. Com a faca ele fez o primeiro sacrifício ritual, por isso sempre se louva Ogun durante estes sacrifícios. Com o ancinho ele arou terras e plantou. Com a tesoura cortou peles e inventou os abrigos. Com o machado cortou árvores para construir abrigos. Com o martelo pode unir os troncos com pregos, que ele inventou.Com a cunha pode levantar grandes pesos e assim aconteceu de Ogun, com a espada que forjou, poder guerrear e conquistar territórios para seu povo.No entanto, não quis ser rei, pois preferia os desafios ao poder. Continuou lutando e inventando para sempre. Hoje em dia, diz-se que os computadores e todos os analistas de sistemas são de Ogun.A guerra é de Ogun, cujo nome significa exatamente guerra. Ogun nunca se cansa de lutar, costuma-se chamar por sua ajuda em situações que é extremamente difícil continuar lutando ou quando o inimigo é extremamente forte. Não se deve invocar Ogun a toa, pois seu gênio e extremamente violento. É um solteirão convicto. Teve muitas mulheres, mas não vive com nenhuma. Criou um filho adotivo, abandonado nas mãos dele por Iansan, a deusa dos ventos e raios, que por sua vez o havia adotado de Osun, a deusa do amor e da riqueza. Um dos mitos sobre ele diz que Ogun é filho de Iemonjá com Oduduwa. Desde criança sempre foi destemido, impetuoso, arrojado e viril, tendo se tornado sempre mais e mais um brilhante guerreiro e conquistado muitos reinos para seu pai. Não houve um só caminho que Ogun não tenha percorrido.Um irmão dedicado, Ogun tinha por Oxossi uma afeição muito especial, defendendo-o várias vezes de seus inimigos e passando mesmo a morar fora de casa com Oxossi, quando este foi expulso de casa por Iemonjá. Foi Ogun quem ensinou Oxossi a defender-se, a caçar e a abrir seus próprios caminhos nas matas onde reina. Ogun teve muitas mulheres, a principal delas Iansan, guerreira como ele, tendo sido roubada por Xangô, que é seu irmão por parte de mãe. Ogun passou a viver sozinho, para a guerra e para a metalurgia.Dia da semana: terça-feiraCores: azul-cobalto (ou azul-ferreiro, como chamam alguns).
A cor exata é o azul da chama do fogo.

Símbolo: Espada

Número: 7

Comida: feijoada

Saudação: Ogunhê!

Folhas: macassá, abre-caminho, espada-de-são jorge.

Odu regente: etáogundá

domingo, 25 de outubro de 2009

A Arte Africana e o Cubismo de Picasso

Observem como a imagem criada por Pablo Picasso, nesse auto-retrato, e no quadro Les demoiselles d'Avignon abaixo, o artista revela toda a influência da arte africana sobre o seu trabalho. Observe também nas cores a predominância dos tons terrosos tais como encontrados nas máscaras expostas acima. À presença do traço geométrico e dos espaços delimitados por linhas pretas (aspecto que lembra muito a pintura japonesa) pode ser somada uma crescente utilização das cores vivas que o norte da África sugere. Picasso, Le Corbusier ou os impressionistas, toda a arte pictórica européia sentiu, em maior ou menor grau, o impacto da luz e da vida cultural africana. Que seria da arte ocidental sem a a África?



A criatividade e o imaginário das culturas africanas possuem um forte impacto visual e decorativo, influenciando profundamente algumas correntes da arte contemporânea, tanto no Brasil quanto no Exterior.por exemplo o Cubismo, que teve Picasso como seu grande expoente , e outros artistas, como Braque, Cézanne e Matisse, beberam dessa fonte, experimentando em seus trabalhos inovações estilísticas que inauguraram outras formas de abordagem e novos caminhos para a arte do ocidente. Compreender essa influência é reconhecer a contribuição da arte africana para a criação e o desenvolvimento de novas formas artísticas. A arte africana, resultado de uma grande influência de etnias e culturas presentes naquele continente, caracteriza-se por ser totalmente funcional, ou seja, voltada para a utilização do objeto. Por isso, na África o conceito de arte pela arte é praticamente inexistente. Todo objeto tem uso prático. Complexa e variada, a arte africana também é bastante ritualística. “Muitas das máscaras representam antepassados do clã e, por isso, são objetos de orgulho da família. Numa cerimônia aos ancestrais, um dançarino, usuário da máscara, entra em transe profundo. Durante esse estado sua mente se comunica com os antepassados, trazendo deles mensagens de sabedoria. Tais cerimônias podem durar horas ou dias e são sempre acompanhadas de muita dança e músicas tradicionais africanas”.As máscaras, por exemplo, representavam para os africanos um disfarce que permitia a incorporação de espíritos e também a aquisição de forças mágicas e místicas, utilizadas em benefício da comunidade para a cura de doentes, em rituais fúnebres etc.

Exposição exibe a visão de Sebastião Salgado sobre a África


O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado está apresentando no Japão sua mostra "África", um trabalho de 30 anos no continente com o qual pretende modelar a dignidade merecida por seus protagonistas.
Salgado disse que com suas fotografias quer "contar histórias" que necessitam do compromisso da imprensa e das ONGs para poderem ser mudadas.
Salgado, de 65 anos, viajou por todo o mundo fotografando pessoas e lugares com suas encantadoras imagens em preto e branco e que já renderam diversos prêmios internacionais, consideradas por ele "mais intensas" que as composições em cor.
A exposição "África" fica em cartaz no Museu Metropolitano de Fotografia de Tóquio até o dia 13 de dezembro.

Mitologia africana: Ossain


Ossain é a energia mágico/curativa das folhas e por isso divinizada na forma do senhor das folhas e dos remédios. Seu interesse pela ciência tornou-o um solitário desde que desceu o Orun (o céu Yoruba). Embrenhou-se pelas florestas e vive para descobrir e se apoderar dos segredos mágicos das folhas, o elemento mais importante, sem dúvida, no candomblé. Alguns mitos dizem que Ossain aprendeu os segredos das folhas com Aroni, uma espécie de gnomo africano, que tem uma perna só, e com os pássaros, alguns deles a forma tomada pelas temíveis feiticeiras africanas (ajé) Iyami Osorongá, cujo nome não deve ser pronunciado para não atraí-las.Sentindo-se sozinho, enfeitiçou Oxossi, a quem sempre encontrava nas matas, e o levou para os fundos destas onde lhe ensinou muitos segredos e pretendia mantê-lo, (alguns mitos dizem que como amigo, outros dizem que como amante) o que Yemonjá e Ogum não permitiram, voltando Ossain a sua solidão.Segundo o mito, Xangô, o deus do trovão, desejando obter os fundamentais poderes de Ossain, pediu à sua mulher, Iansan, a deusa dos ventos e das tempestades, que ventasse muito no lugar onde morava Ossain, para que as folhas sagradas que guardava em sua cabaça de segredos fossem espalhadas e ela pudesse apanha-las. Por seu amor a Xangô, Iansan assim fez. No entanto, quando o vento espalhou as folhas todos os orixás correram para apanha-las, sabendo de seus poderes.Ossain, ao ver o que acontecia, pronunciou palavras mágicas que solicitavam que as folhas voltassem às matas, sua casa e seu domínio. Todas as folhas voltaram, mas cada orixá ficou conhecendo o poder daquelas que conseguiu apanhar. Só que elas não tinham o mesmo Asé (poder e energia) do que quando estavam sob o domínio de Ossain. Para evitar novos episódios de roubo e inveja, Ossain permitiu, então, que cada orixá se tornasse dono de algumas folhas cujo poder mágico de conhecimento e de cura ele liberaria quando lhe pedissem ao retira-las de suas plantas. Em troca exigiu que jamais cortassem ou permitissem o corte de uma planta curativa ou mágica.Toda a medicina Yoruba se baseia, portanto, nos poderes de Ossain, sobre as folhas-remédio e Obaluaiê, o deus que rege as doenças graves. Ambos os orixás são muito temidos e respeitados, porque também entre os Iorubas, o mesmo princípio que cura, mata. Remédio e veneno são questão de grau.

Dia da semana: quinta-feira

Cores: verde escuro (cor do “sangue” das folhas).

Elemento: ar

Símbolo: um ramo de folhas com um pássaro pousado, indicando seus poderes de cura e de magia.

Comida: milho

Saudação: Ewe! Aça!

Folhas: peregun e todas as folha pertence ao orixá ossain

Odu regente: iká-ori

Mitologia africana: Iansã ou Oyá


Oyá - Oyà Gbale - Orixá do candomble - Santa Guerreira.Iansã é a força dos ventos, dos furacões, das brisas que acalmam, das coisas que passam como o vento, dos amores efêmeros, sensuais, das tempestades, que assolam a existência, mas não duram para sempre. Iansã ajudava Ogum na forja dos metais, soprando o fogo com o fole para aviva-lo mais e mais, e assim fabricarem mais ferramentas para trabalhar o mundo e armas para as guerras de que ambos tanto gostavam. Por seu temperamento livre e guerreiro, Iansã era uma companheira perfeita para Ogum. Diz o mito que Iansã não podia ter filhos, por isso adotou Logun-Edé, filho abandonado por Oxum, e o criou durante algum tempo.Diz o mito, também, que o Orixá Iansã era tão linda que, para fugir ao assédio masculino vestia-se com uma pele de búfalo, e saía para a guerra. Que era amiga tão leal que foi ela a primeira a realizar uma cerimônia de encaminhamento da alma de um amigo caçador ao orum (céu). Iansã não parava jamais.Um dia em que o Orixá Xangô foi visitar seu irmão Ogum e encomendar-lhe armas para a guerra, Iansã (também conhecida como Oyá) apaixonou-se por Xangô, e partiu para viver com ele, deixando Logun-Edé com Ogum, que terminaria de cria-lo. A partir de então, tornou-se uma das três esposas de Xangô e com ele reina e luta, enviando seus ventos para limpar o mundo e anunciando a chegada dos raios e trovões de seu amado.

Dia da semana: quarta-feira

Cores: vermelho, rosa, marron.

Símbolo: Eruxin (rabo de cavalo, signo de poder ioruba) e Obé (espada).

Número: 9

Comida: acarajé

Saudação: Eparrei, Oyá!Folha: para-raio, peregun, macassá.

Odu regente: Ossá

Mitologia africana: Iroko



Orixá Iroko ou Yroko pouco cultuado no candomblé, mais um orixá muito respeitado pelos africanos, sendo um santo que representa a ancestralidade.Iroko representa o tempo. É a árvore primordial. A primeira dádiva da terra (Oduduwa) aos homens. Existe desde o princípio dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu e resistira. Mesmo assim é pouco cultuado no candomblé brasileiro.
Iroko é a essência da vida reprodutiva. Do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Oduduwa, a terra, que através dele ensina os homens o sentido da vida. É a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverenciá-la e louva-la. É também conhecido nos candomblés como “Tempo”, embora seja uma designação própria do rito angola. Diz o mito que no princípio de tudo, a primeira árvore nascida foi Iroko. Ele era capaz de muita magia, tanto para o bem quanto para o mal, e se divertia atirando frutos aos pés das pessoas que passavam.Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Um dia, as mulheres de uma aldeia próxima ficaram todas estéreis, por ação das Iyami. Então elas foram a Iroko e pediram a fertilidade. Iroko, contudo, exigiu dádivas em troca, pois é preciso abrir espaço para receber dons, como é preciso perder as flores para receber frutos. As mulheres concordaram e prometeram muitos presentes. Uma delas, contudo, tendo como única riqueza seu filho, prometeu dar a Iroko esta criança. Quando engravidaram, as mulheres foram a Iroko e fizeram as oferendas. Menos a que prometera a criança, pois ela amava muito o filinho.Iroko ficou muito zangado e aguardou o dia em que a criança brincava ao redor dele e a raptou. Quando a mãe foi buscar a criança, Iroko lembrou a mulher de sua promessa, ameaçando matar o outro filho que lhe dera, caso ela retirasse “sua” criança dali. Então a mulher, desesperada, procurou o babalaô, que jogando os búzios sugeriu que ela mandasse fazer um boneco de madeira com as feições de uma criança, banhasse com determinadas ervas e quando Iroko estivesse dormindo, substituísse o a criança pelo boneco. E assim ela fez. Até hoje se pode ver, nas gameleiras brancas o bebê de Iroko, repousando deitado em seus galhos. Em suas copas vivem também as Iyami Oshorongá, as ajés (feiticeiras) da floresta.
Dia da semana: quinta-feira

Cores: verde/marrom

Símbolo: Grelha (representando as direções do tempo).

Número: 11

Comida: inhame e carneiro