sábado, 19 de dezembro de 2009

Orixás



Os Orixás são divindades protetoras nascidas da energia primordial da criação dos elementos que compõem o Universo – fogo, água, ar e terra. São energias vivas que residem e se manifestam através da natureza, atuando no destino de todos nós, trazendo influências benéficas e ajudando na evolução espiritual da humanidade.
A palavra de origem yorubana Orisà (significa ori: cabeça, consciência e sà: força, escolha, energia), significa “Guardião da cabeça”, “Força da Consciência”, “Energia da cabeça” e assim por diante.
Dentro da cultura do Candomblé, o Orixá é considerado a existência de uma “vida passada na Terra”, na qual os Orixás teriam entrado em contato direto com os seres humanos, aos quais passaram ensinamentos diretos e se mostraram em forma humana.
Os Orixás são conhecidos em outras partes do mundo como “Ministros” ou “Devas”, espíritos de alta vibração evolutiva que cooperam diretamente com Deus, fazendo com que suas Leis sejam cumpridas constantemente.
Além dos espíritos amigos que se empenham em nossa vigilância e auxílio morais, contamos com um espírito da natureza, um Orixá pessoal que cuida do equilíbrio energético, físico e emocional de nossos corpos físicos.
Quando nossa personalidade começa a ser definida, uma das energias elementais predomina, e é a que vai definir, de alguma forma nosso “arquétipo”.
Ao Regente dessa energia predominante, definida no nosso nascimento, denominamos de nosso Orixá pessoal, “Chefe de Cabeça”, “Pai ou Mãe de Cabeça”, ou o nome esotérico “Eledá”. Junto a essa energia predominante duas outras se colocam como secundárias, que denominamos de “Juntós”, corruptela de “Adjuntó”, palavra latina que significa auxiliar, ou ainda, chamamos de “Ossi” e “Otum”, respectivamente na sua ordem de influência.
Eledá, Ossi e Otum formam a Tríade do Coronário do médium.
Os filhos de fé não recebem influências apenas de um ou dois Orixás. Frequentemente recebemos influências de outros Orixás. O fato de recebermos influências de outros Orixás, não quer dizer que somos filhos ou afilhados desses Orixás, trata-se apenas de uma afinidade espiritual.
No Brasil são cultuados 16 Orixás: Oxalá, Yemanjá, Xangô, Oxum, Ogum, Iansã, Nanã, Oxóssi, Oxumarê, Ewá, Obá, Ossãe, Exu, Logun Edé, Ibejis, Omulu. Mas em algumas casas encontramos também: Iroko, Tempo, Ifá e Orumilá.
Nos casos de pessoas que não são submetidas ao fenômeno de incorporação do Orixá, observa-se a superioridade hierárquica do Iporí (Essência Divina que, individualiza e desprendida de sua origem, habita cada um de nós) em relação aos Orixás que, nos casos específicos de Ogans e Ekéjis, não permite que o Orixá, mesmo em se tratando de Olorí (Dono da Cabeça) do indivíduo, se aposse ou se manifeste nestas cabeças, o que implica em obliteração parcial ou momentânea de sua presença.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A arte de Mestre Didi



Deoscóredes Maximiliano dos Santos (Salvador BA 1917). Escultor e escritor. Executa objetos rituais desde a infância; aprende a manipular materiais, formas e objetos com os mais antigos do culto orixá Obaluaiyê. Entre 1946 e 1989, publica livros sobre a cultura afro-brasileira, alguns com ilustrações de Caribé. Em 1966, viaja para a África Ocidental e realiza pesquisas comparativas entre Brasil e África, contratado pela Unesco. Nas décadas de 60 a 90, participa como membro de institutos de estudos africanos e afro-brasileiros e como conselheiro em congressos com a mesma temática, no Brasil e no exterior. Em 1980, funda e preside a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá do culto aos ancestrais Egun, em Salvador. É coordenador do Conselho Religioso do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira, que representa no país a Conferência Internacional da Tradição dos Orixás e Cultura. Descendente da nobreza africana, filho também único da mãe-de-santo Maria Bibiana do Espírito Santo, conhecida como Mãe Senhora .Além disso, Deoscoredes Maximiliano dos Santos (leia-se seu nome completo),era o mais antigo descendente no Brasil do reino africano no Ketu, atualmente ocupado pela Nigéria e Benin. Em Salvador ,ele fundou e preside o Ilê Asipá, sociedade de culto aos ancestrais. Como escritor ,escreveu vários livros, destacando-se “Ancestralidade Africana no Brasil”. À propósito,ele foi um dos principais premiados da Bienal da Bahia que, pela variedade de suportes, foi criado um módulo e uma nova tendência: Artes Decorativas a fim de premiá-lo fora das tendências pintura, gravura, desenho, escultura e objetos.Sua companheira de quase 45 anos, a antropóloga argentina Juana Elbein dos Santos, realiza um trabalho constante na elaboração teórica. A seguir, transcrevemos texto dela, que corresponde a uma síntese de sua análise crítica. elaborada especialmente quando da XXIII Bienal Internacional de São Paulo,da qual participou com Sala Especial, recheada de símbolos e signos que muito tem com sua terra de origem e o sincretismo das religiões brasileiras: “Mestre Didi é um sacerdote-artista. Integrado medularmente ao universo Nagô africano brasileiro que mamou dos peitos das mães africanas, cresceu e aprofundou, através de sucessivas iniciações, nos mistérios transcendentes da vida e da morte, nos segredos das identificações com os espíritos ancestrais - os egun - e comas entidades sagradas - os orixás”.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Princesa negra da Disney

A história se passa em New Orleans na Era do Jazz, 1920.Tiana, será a primeira princesa negra de um desenho animado da Disney

Se à primeira vista A Princesa e o Sapo não parece nada inovador para uma animação da Disney, que nos últimos anos investiu em grandes efeitos gráficos, o espectador terá algumas surpresas. Apostando em um filme feito a mão, em 2D, a produtora traz uma princesa negra, em uma história ambientada nos anos 20, em Nova Orleans. O filme, que abre a temporada de férias nos cinemas brasileiros, tem o jazz como trilha sonora das aventuras do príncipe Naveen, expulso de seu castelo por seu pai, que quer que ele aprenda a dar valor à vida. Boa-pinta e falido, Naveen vive atrás das mulheres do reino e acaba enganado por um ser sinistro que afirma ter a magia certa para resolver o seu problema.

Resultado: o feitiço acaba transformado o belo príncipe em um sapo. Como na velha história dos contos de fadas, Naveen tem de procurar uma princesa que aceite beijá-lo para quebrar o feitiço. É justamente aqui que a história não sai como o planejado: ao chegar ao castelo de Nova Orleans, o príncipe-sapo encontra Tiana, uma garçonete que sonha em abrir seu próprio restaurante, vestida com as roupas da princesa. Enganado pela aparência da moça, ele pede um beijo. Como Tiana não é a pessoa que ele procura, o feitiço a envolve também, e ela é transformada em sapo. Começa então a corrida do casal, que, enquanto faz de tudo para sobreviver, busca uma forma de reverter o feitiço.
Para completar o enredo, Tiana e Naveen encontram novos amigos, que têm finais não tão convencionais: são eles o vaga-lume Ray e o jacaré Louis - este último quer tocar jazz com os humanos. Além de dar ritmo ao desenho, esses personagens deixam o filme tão bom quanto Aladdin e A Pequena Sereia, produções da equipe de Ron Clements e John Musker, criadores de A Princesa e o Sapo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Análise do filme La Amistad


Sinopse do filme Amistad Costa de Cuba, 1839. Dezenas de escravos negros se libertam das correntes e assumem o comando do navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África, mas desconhecem navegação e se vêem obrigados a confiar em dois tripulantes sobreviventes, que os enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por um navio americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Connecticut. Os africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorne), que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II (Anna Paquin) alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams (Antony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos. Visão geral do filme: A história remonta ao ano de 1839 e é baseada em fatos verídicos que ocorreram a bordo do navio La Amistad. O filme relata a luta de um grupo de escravos africanos em território americano, desde a sua revolta até seu julgamento e libertação.Através desta trama de forte conteúdo emocional, é possível conhecer as condições de captura e transporte de escravos africanos para os trabalhos na América do Norte, a máquina jurídica americana de meados do século XIX e o germe das primeiras medidas para a abolição da escravatura naquele território.
Proposta Pedagógica
O filme remete o aluno ao passado, numa época difícil para a população negra africana que fora caçada, aprisionada e seqüestrada para o Brasil e outras partes das Américas. Mostra as transações comerciais que envolviam o tráfico negreiro, os acordos entre tribos rivais, as capturas sangrentas, o transporte sob condições desumanas, enfim o sofrimento daquelas pessoas que tiveram suas vidas arrancadas de seu próprio domínio. Mostra também a luta dos abolicionistas pelo fim do tráfico bem como o fim da escravidão.O aluno percebe dentro de uma história real, de uma forma emocionante, se envolve no tema que lhe é pertinente devido as nossas origens. Percebe que as coisas ao seu redor foram construídas a base de luta e sofrimento. Procurando a valorização da cultura negra no Brasil, das contribuições nos mais variados aspectos da nossa vida cotidiana, desde o vocabulário, na vestimenta, na culinária, nas técnicas de produção econômica, na arte, na dança, na música, na luta. Valoriza-se a si mesmo e enquanto grupo que deixou e deixa marcas mesmo diante de tanta adversidade e violência.